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[212] aos velhos

19.3.05


b. menage, dancing at dawn


Ai vecchi
tutto è troppo.
Una lacrima nella fenditura
della roccia può vincere
la sete quando è così scarsa. Fine
e vigilia della fine chiedono
poco, parlano basso.
Mas noi, nel pieno dell'età,
nella fornace dei tempi, noi? Pensaci.

(mario luzi, senior)

[211] and death shall have no dominion


Between the Waves of the Sea

And death shall have no dominion.
Dead men naked they shall be one
With the man in the wind and the west moon;
When their bones are picked clean and the clean bones gone,
They shall have stars at elbow and foot;
Though they go mad they shall be sane,
Though they sink through the sea they shall rise again;
Though lovers be lost love shall not;
And death shall have no dominion.

And death shall have no dominion.
Under the wings of the sea
They lying long shall not die windily;
Twisting on racks when sinews give away;
Strapped to a wheel, yet they shall not break;
Faith in their hands shall snap in two,
And the unicorn evils run them through;
Split all ends up they shan't crack;
And death shall have no dominion.

And death shall have no dominion.
No more may gulls cry at their ears
Or waves break loud on the seashores;
Where blew a fower may a flower no more
Lift its head to the blows of the rain;
Though they be mad and death as nails,
Heads of the characters hammer through daisies;
Break in the sun till the sun breaks down,
And death shall have no dominion.

(dylan thomas)

[210] ... do cair e do morrer

18.3.05

inês andrade, o pingo

O meu pai telefonou-me para dar a notícia do falecimento de um tio-avô. Juro que não sei o nome dele pois sempre o tratei por Tio Canário. Nem tampouco sei a origem da alcunha. Mas gosto deste nome afectuoso, colorido, sonoro. O tio Canário. Contrariamente, à alcunha, foi pessoa reservada. Mas nunca hostil ou amuado. Um homem simples, amante do trabalho, do campo, das plantas, da vida rotineira. A seu lado a tia Rosa. Canária. Eram os tios Canários. Sempre me surpreendeu o estilo de vida abnegado e humilde que levaram. Mas mais me admiravam quando, já com setenta anos, arrumavam a trouxa e preparavam o farnel e iam, de combóio, passar os domingos de verão à Figueira da Foz. Isso, à praia! Num ritual que já vinha de há muitos anos.

O funeral do Tio Canário é hoje na Carapinheira da Serra, arredores de Coimbra. Não vou estar presente. Aqui ficam estas palavras, assim, como quem chora um pouco.

[209] Cuidado de si: para não nos esquecermos de existir

17.3.05

Alfred Gockel, Spirit Dance II

Um título para não deixarmos morrer a convicção - ou, até, para a criarmos - de que também somos destinatários do nosso desvelo e amor. Não por enclausuramento narcísico ou viragem umbelical. Mas porque somos, isso sim, o primeiro dom/presente que a Vida oferece a nós próprios.
O cuidado de si, antes de mais, declina-se como cuidar do corpo. Não por um critério estético que obedece aos padrões da moda, mas como imperativo ético: o corpo é a encarnação do dom que se recebe, é o que configura o estarmos «aí no mundo». È bom não esquecer o maltrato a que, amiúde, o sujeitamos: no âmbito das dependências, do escasso repouso, dos apetites vorazes e, até, das várias ginásticas e musculações a que nos submetemos. Um critério a ter em mente pode ser o de uma via intermédia: nem alimária, nem estátua brônzea.
Outra vertente implica cuidar da psique: do modo, saudável ou não, como gerimos as nossos emoções, os pensamentos, os diálogos interiores, o agir. Também aqui não apenas por um critério de higiene mental - importante, mas redutor -, mas porque é a psique que nos coloca em relação com o mundo, com os outros, connosco próprios, com o Transcendente. Sendo o sistema com que processamos as nossas vivências - das mais superficiais às mais profundas - convém-nos mantê-lo flexível, aberto, lúcido e, na medida do possível, aderente à realidade que nos circunda.
Declina-se também como cuidar das relações interpessoais: participar na vida cívica ou comunitária, nutrir a amizade, arriscar o amor. Não por um refúgio no comunitarismo - que aliena transformando-nos em números -, ou, apenas, por imperativo moral - derivado do facto de sermos sociais -, mas sobretudo, porque o amor é o verdadeiro rosto dos humanos.
Por fim, mas não menos importante, o cuidado de si declina-se como cuidar do espírito, termo abrangente que engloba a relação com o Absoluto, a assunção de um universo de valores e a busca de sentido/significado para a existência. Não porque descobrimos a moda das «espiritualidades» - o que nem é mau de todo! - ou porque temos pavor do desconhecido trágico que nos espera em cada incerteza, em cada doença, em cada morte. Mas para darmos voz ao desejo - aninhado no fundo do nosso eu profundo - que clama pelo infinito, pela plenitude, pela eternidade.
O cuidado de si é tarefa primordial, desafio à própria existência, apelo que a vida nos faz... e tem uma única finalidade: a de não nos esquecermos de existir.

[208] Canta o sonho do mundo

12.3.05

[Alfred Gockel, Chanteuse I]

Ama
saluta la gente
dona
perdona
ama ancora e saluta
(nessuno saluta
del condominio,
ma neppure per via)

Dai la mano
aiuta
comprendi
dimentica
e ricorda
solo il bene.

E del bene degli altri
godi e fai
godere.

Godi del nulla che hai
del poco che basta
giorno dopo giorno:
e pure quel poco
- se necessario -
dividi.

E vai,
vai leggero
dietro il vento
e il sole
e canta.

Vai di paese in paese
e saluta
saluta tutti
il nero, l'olivastro
e perfino il bianco.

Canta il sogno del mondo:
che tutti i paesi
si contendano
d'avverti generato.

(d.m. turoldo, il grande male)

[207] O pensamento flutuante da felicidade

[Alfred Gockel, Tuscan Landscape - Right Panel ]



«Dammi tu il mio sorso di felicità prima che sia tardi»
implora, in tutto simile alla mia, una voce bassa
e fervida lungo i dedali del risveglio risonando.
- Da dove risale, a chi se volge -
mi chiedo io tra il sonno non sapendo altro di lei
se non oscuramente che un dolore antico quanto l'uomo l'incalza e l'accompagna
e avverto intanto la notte nel suo ultimo,
più frenetico balzo verso l'alba - il nuovo enigma - inghiottirla.
- Se mai qualcuno le risponderà -
mi dico dibattendomi,
segmento di lucertola,
nel terriccio bruciato da quella folgore spessa.
E vedo da lì a poco, mentre un pò dormo e un pò penso,
un'acqua meravigliosa raccogliersi
in due mani fini e trepide, serrate
nella loro giumella un pò infantile, un'acqua azzurra, mi sembra,
giù dalle fenditure d'un'antica roccia dolorosa stillando.
- A meno non sia parte dell'inganno -
insinua e si rifiuta di pensarlo
la mente tra sonno e veglia vacillando ebbra.


[Mario luzi, su fondamenti invisibili]

[206] ... todas as belezas do mundo


[Hans Paus, Unforgettable I]

Folheio as páginas amareladas e, na lembrança, não posso descurar as últimas frases do artigo programático de Karel Teige, que encerravam o almanaque:

«A beleza da nova arte é deste mundo. É tarefa da arte criar belezas analógicas e cantar, mediante as imagens vertiginosas e os ritmos impensados da poesia, todas as belezas do mundo».

No livro, estas últimas três palavras estão impressas e caracteres maiúsculos e abrangidas pelo desenho de duas pequenas mãos de indicador esticado.
(jaroslav seifert, todas as belezas do mundo)




[205] ... o calor das suas mãos estendidas


Ann LT

No silêncio da memória, sobretudo se fecho os olhos com força, de todas as vezes que quero vejo os rostos das muitas pessoas bonitas que encontrei na minha vida - com muitas delas estreitei relações de profunda amizade -, de modo que as recordações sucedem-se, uma mais aprazível do que a outra. E tenho a sensação de ter conversado com elas no dia anterior. Ainda sinto o calor das suas mãos estendidas.
(jaroslav seifert, todas as belezas do mundo)

[204] ...voilà tout...

8.3.05

(Joaquin Mateo, Writer's Desk II)


Para mim a qualidade de escritor não é um divertimento de «intelectuais», nem um ganha-pão, nem uma satisfação vaidosa do desejo de notoriedade: é uma seríssima função social com muito graves responsabilidades: é criminosa a autoridade que protege um crime, o médico que envenena o doente, o escritor que deixa intrujar o público. Voilà tout.

A. Sérgio, Cartas de António Sérgio a Álvaro Pinto, Lisboa, 1972, p. 51: carta nº 41 [1917]

[203] ... o movimento, e não a chegada...


Interessa-me o movimento, e não a chegada; o instrumento, e não a obra; os espíritos, e não os papéis; [...]. O pensamento, em suma, atrai-me mais do que a certeza [...] (A. Sérgio)

[202] ... que as letras sejam cultura...

(Nell Whatmore, Chasing Rainbows)

O que peço aos lusos que fazem livros, é que para eles escrever seja pensar; é que as letras sejam cultura, e não instrumento de paixões efémeras ou degrau de vaidade e de ascensão pessoal. [...] Que nos pode defender de tais excessos? Somente, creio eu, uma forte rajada de sinceridade crítica, prólogo da introdução do humanismo crítico e da reforma da mentalidade.

(A. Sérgio, O problema da cultura em Portugal e o significado do Seiscentismo na sua história [II], in Seara Nova, nº 57)


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