Depois da experiência fantástica com o
Cuidado de si, interrompida logo a seguir ao nascimento do Afonso, terá chegado a hora de a prosseguir com renovado entusiasmo e inspiração? A ver vamos. Alguns amigos, leitores anónimos e pacientes foram perguntando pelas minhas bloguices, durante o interregno de cerca de dois anos: «Então, não se actualiza o Cuidado de Si?».
Recomeço com entusiasmo renovado, mas incerto quanto à persistência. Quis mudar o nome e recomeçar noutro local porque tudo na vida evolui. Decidi, porém, voltar às origens dando assim continuidade à experiência anterior. A finalidade é idêntica: olhar para o que acontece, experimentando-o, registando-o e produzindo actos de significado... não é isto, no fundo, o cuidado de si?
Actos de significado é, talvez alguns saibam, o título de uma obra do psicólogo cognitivista
Jerome S. Bruner (1915- ) - um dos homens da frente do movimento da psicologia cultural - o qual assevera que a criação de significado para tudo o que nos rodeia (acontecimentos triviais ou à escala global, relações íntimas ou sociais, sentido quotidiano ou sentido último, produções culturais ou desportivas) é a mão que modela o mundo. Procurarei, por isso, modelar o meu mundo e de quem me rodeia mediante mensagens («postas») como actos de significado.
A imagem que acompanha este recomeço é do artista plástico
Juan Muñoz, a cuja obra fui iniciado pelo
Aníbal H., amigo e colega de profissão. São dois humanos sentados em cadeiras pregadas à parede. Em diálogo animado. Criam significado. Há pessoas em trânsito entre os pólos comunicativos: são os protagonistas das nossas histórias, os co-criadores das nossas experiências, destinatários e rementes dos nosso afectos, desejos e necessidades, projectos. Enfim, pessoas com quem criamos e partilhamos este mundo em que nos movemos.
Se quiserem voltar a ser leitores assíduos e participativos, façam favor. Serão bem-vindos, como sempre.