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[358] coisas que gosto de fazer ao mesmo tempo

18.1.06
(pirandello por pericoli)



1. ouvir, alto, ottorino respighi e os seus pinheiros de roma, fontes de roma e festas romanas e, ao mesmo tempo, traduzir, inebriado, pirandello


2. ouvir 3 cd's seguidos dos múm (please smile my noise bleed; finally we are one; summer make good) e, ao mesmo tempo, traduzir, inebriado, pirandello.

[357] Terra das origens

4.1.06
(d. wilson, le village, aix-en-provence)

E enfim voltaste, sete anos depois
voltaste à terra das origens. As luzes
da cidade irreais e irreais as ruas
estreitas. Abandonar-se à poesia
seria despropositado. Visita-te
o passado, estás de novo
sentado na esplanada do Grillon
e sorris, tranquilamente sorris.
Venceste a batalha, não morreste.
Não te derrotaram o desamor, nem
as decepções da amizade, se existiram.
Cresceste e agora, na cidade idílica,
saboreias os minutos, os segundos.
Ao teu lado, no café, os rapazes e
as raparigas que tomaram conta
dos lugares, eles ignoram que a cidade
te pertence como nada mais te pertence,
que entre ti e ela há uma relação antiga
que só a morte a romperá! Confundem-se
o passado e o presente no teu espírito, os
fantasmas dos desaparecidos atormentam
por momentos a tua paz. Ou querem
atormentá-la, mas tu não deixas, hoje
não, estar de volta à cidade, ao lugar
de habitação, protege-te de todos
os infortúnios. Ausentou-se a amada,
mas sem ela, apesar de tudo, és feliz.
E a outra, aquela que nunca mais
voltaste a ver (pelas ruas da cidade
andaste com ela de mãos dadas), volta
também ao teu espírito. Como se fosse
hoje, e agora, e não tivessem morrido
nos dias e nos anos os nossos devaneios.

(j. camilo, escrito em Aix-en-Provence no ano de 1996)

[356] coisas que acontecem

1. Não percebo quando estou a ser atendido e me dizem «Já agora, espere só um momento» e depois me deixam 10 minutos à espera de ser novamente atendido, porque entretanto chegou um conhecido que só quer entregar um documento e acaba por resolver o seu problema antes do meu.

2. Por outro lado, adoro ser tratado por cliente: «Ó colega, tenho aqui um cliente que...»

[355] «e subitamente cai» - poesia em 2005

3.1.06

Que me desculpem os entendidos, os críticos literários, os vários tops da blogosfera e outros que mais, mas o melhor livro de poesia que li em 2005 foi O LIVRO DAS QUEDAS de Casimiro de Brito (da Roma editora).

Aqui não há intermitências; aqui a morte é interlocutora amorosa e, simultaneamente, dura e abrupta da existência de todos nós. Quase uma irmã, senão mesmo irmã.

Um homem
vai no seu corpo
e subitamente
cai. Ouço
desmoronar-se
a sílica do coração.
E ouço também
a terra e o ar
acolherem os ossos
do filho pródigo.
Em si este acontecimento
não é nada original
mas dói. O vento
do Outono
morde-me os ossos
e dói.

[354] o primeiro post de 2006

[john ruskin]



We climbed and we climbed,
Oh, how we climbed
My, how we climbed
Over the stars to [the] top [Of] Tiger Mountain
Forcing the lines through the snow.

[brian eno, taking tiger mountain by strategy]


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