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[15] Silenciando a rua e a noite

Enquanto a chuva cai, silenciando a rua e a noite, «rabisco» estas palavras de introdução ao poema By This River de Brian Eno. Lembram-se do filme La stanza del figlio de Nanni Moretti? O pai, acabado de perder o filho, entra numa loja discográfica à procura de vestígios que consigam curar a ferida lancinante deixada por aquela morte precoce. O empregado lembra-se de que o filho costumava passar por lá. O pai, psicanalista, pergunta se há alguma coisa de interessante que o filho gostava de ouvir. O empregado diz que não se recorda. Mas depois vai-lhe buscar um Cd de Brian Eno, o Before and After Science, de 1977. Após a entrega, ouve-se o piano de Achim Roedelius a soletrar as notas iniciais de By This River a que responde a voz suave e calma de Brian Eno, dizendo:

Here we are stuck by this river
You and I underneath a sky
That’s ever falling down down down
Ever falling down

Through the day as if on an ocean
Waiting here always failing to remember
Why we came came came
I wonder why we came

You talk to me as if from a distance
And I reply with impressions chosen
From another time time time
From another time.

O mesmo piano e a mesma voz aparecerão já no fim do filme a anunciar a esperança de que a vida continua. A vida tem de continuar nos que ficam. Hoje, esta chuva e este silêncio evocam-me tudo isto: que a vida a bela, apesar de feia; que a vida é boa, apesar de dura; que a vida é verdadeira, apesar da morte. Ou melhor, precisamente por causa de ser feia, dura e destinada a morrer é que é bela, boa e verdadeira.

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11:41 da manhã

Este teu comentario despertou-me e lembrou-me qualquer coisa que acho importante partilhar contigo Che:
Ha muitos anos atras fui ao cinema com um grande Amigo, Leonardo «Caro diário» de Nanni Moretti...fomos porque Leonardo era italiano e porque ambos gostavamos de cinema, ele é mais ou menos da tua idade...é impressionante verificar que o que fica daqueles que mais amamos( seja qual for a dimensao ou forma desse amor), é o melhor da vida:
- pequenas centelhas de curiosidade,
- despertares para uma miriade de coisas que estão ai á nossa espera sem que antes as tenhamos descoberto...
- essa é a essencia do Amor, da Amizade...o fluido universal de qualquer coisa de magnifico nesta vida boa ou má.

Tambem tu Amigo Che, desconhecido tens já o teu lugar no vitral de tantas vidas...graças à função de moscardo que cada um de nós representa para os outros, quando nos despertam para os infimos detalhes que dao cor ao dia a dia, que lhe dao brilho...estou a gostar muito deste blog, e acho que ainda tem muito a explorar, desculpa o anonimato, a internet tem destas vantagens...continua o teu caminho Che és digno do titulo, obrigada    



11:43 da manhã

Comment -Show Original Post

Anonymous said...
Este teu comentario despertou-me e lembrou-me qualquer coisa que acho importante partilhar contigo Che:
Ha muitos anos atras fui ao cinema com um grande Amigo, Leonardo «Caro diário» de Nanni Moretti...fomos porque Leonardo era italiano e porque ambos gostavamos de cinema, ele é mais ou menos da tua idade...é impressionante verificar que o que fica daqueles que mais amamos( seja qual for a dimensao ou forma desse amor), é o melhor da vida:
- pequenas centelhas de curiosidade,
- despertares para uma miriade de coisas que estão ai á nossa espera sem que antes as tenhamos descoberto...
- essa é a essencia do Amor, da Amizade...o fluido universal de qualquer coisa de magnifico nesta vida boa ou má.

Tambem tu Amigo Che, desconhecido tens já o teu lugar no vitral de tantas vidas...graças à função de moscardo que cada um de nós representa para os outros, quando nos despertam para os infimos detalhes que dao cor ao dia a dia, que lhe dao brilho...estou a gostar muito deste blog, e acho que ainda tem muito a explorar, desculpa o anonimato, a internet tem destas vantagens...continua o teu caminho Che és digno do titulo, obrigada    



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