[48] DOS RIOS (VII): jacques vidal.
O rio é um maravilhoso convite a viajar, tal como o perceberam todos os poetas e como experimentámos todos quando éramos crianças. O rio sugere-nos e diz-nos: «Embarca, parte, sai da tua terra, corre para a aventura». No rio, o homem mostra-se a si mesmo novamente tal como é. É uma antropofania mediada pelo rio. Goethe faz-nos participar das suas maravilhas: «Nas margens do rio que escorria já sentia cantar toda a minha vida». Somos capazes de ficar a ouvir durante horas o rio a correr porque o rio anuncia-nos a vida, essa maravilhosa chama biológica. Nós estamos a caminho e o rio exprime isso muito bem: todo o rio se dirige para o mar, para o Oceano. Cada rio anuncia o Oceano antes de o vermos. É símbolo do invisível.
J.P. Caponigro, Prelude in Gray