[24] Molière tinha razão
BUONA NOTTE!
Há dias assim: um cliente a resmungar e a mentir, uma avaria no velhinho Clio, uma discussão inútil com quem se gosta. A dose podia vir, justamente, doseada. Hoje, a discussão, amanhã a avaria, depois de amanhã a resmunguice. Enfim, tudo menos várias doses no mesmo dia. Hoje foi um concentrado.
Dou por mim, ao cair do pano, a recompor os fragmentos de um dia exigente e fracturante. Também isto é cura di sé: recompor os cacos, dar sentido aos conflitos, integrar o fracasso. Escolhi como corolário uma frase de Molière (Le Médecin Malgré Lui, 1666-1667) que encontrei num incipit de um capítulo de um livro sobre as emoções:
«[...] Devemos
examinar-nos por muito tempo
antes de pensarmos em condenar
os outros»
Não é necessariamente mau perder-se nos labirintos. De resto, os que conheço são todos finitos.
Examinar o próprio labirinto significa dar sentido ao que se é, traçar um mapa das tentativas e dos erros, significa conhecer-se e experimentar-se enquanto se vai conhecendo e experimentando o mundo que nos rodeia.
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