[231] dar espaço à sombra...
mona kuhn
É preciso paciência no amor
e também impaciência,
luz, mas também dar
espaço à sombra.
Sabe-o o velho pinheiro, alto, no pátio
que viu das janelas
e deteve o voo
de palavras que por tristeza se queriam atirar
e depois viu
vidros escancararem-se ao sol
afastar o medo, o cansaço
e o morrer das casas.
Sabe que reteve suspensas
as vozes alteradas dos petizes
os olhares das mulheres
solitárias a fumar às janelas.
É preciso paciência no amor
e também fúria,
a fúria bela das crianças
que riem e dão cambalhotas
quando regressa alguém,
e correm no corredor, fazem-se notar
e a do pinheiro antigo que no frio
e no silêncio sombrio da cidade
encolhe as raízes, escondidas
como um ferido as suas cicatrizes.
(Davide Rondoni, poema inédito, traduzido por José J.C. Serra)
Sonnet 60 "Like as the waves make towards the pebbled shore"
Like as the waves make towards the pebbled shore,
So do our minutes hasten to their end,
Each changing place with that which goes before
In sequent toil all forwards do contend.
Nativity, once in the main of light,
Crawls to maturity, wherewith, being crowned,
Crooked eclipses 'gainst his glory fight
And Time that gave, doth now his gift confound.
Time doth transfix the flourish set on youth,
And delves the parallels in beauty's brow,
Feeds on the rarities of natures truth,
And nothing stands but for his scythe to mow;
And yet, to times, in hope, my verse shall stand,
Praising thy worth, despite his cruel hand.
William Shakespeare
(1564 - 1616)
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