[94] O despertar do inverno
O campo refulge branco e frio.
O céu é solitário e imenso.
Tordos volteiam por cima do charco
e caçadores descem do bosque.
Silêncio mora em cumes negros.
Um clarão de lareira transborda das cabanas.
Por vezes, bastante longe, tilinta um trenó
e lenta ergue-se a lua.
Uma fera dessangra muda à beira do desfiladeiro
e os corvos chafurdam em charcos de sangue.
O canavial treme dourado e alto.
Gelo, fumo, um passo no boscagem vazia.
(George Trakl, IM WINTER)